8 de nov. de 2010

Problema racial é social

O principal argumento dos que são contra as cotas coloridas é panfletário, chega a ser um chavão. Eles afirmam que o sistema das cotas é racista, negativo por distinguir e favorecer essa ou aquela raça. Chamam de racismo, um racismo estúpido, que não contribuí em nada para solucionar o verdadeiro problema. Que seria o problema social: a barreira que separa os pobres, negros ou brancos, das universidades.

Mas esse raciocínio é raso, é o tipico pensamento que contempla o problema de forma incompleta, e até ingênua. É preciso analisar profundamente essa questão, para chegarmos a uma conclusão realmente crítica.

É preciso que enxerguemos que o problema racial é consequência do problema social. Não existe um problema racial isolado do contexto social. Por isso não se pode ignorar a realidade de certas raça.

Atualmente a maioria dos negros é pobre, mas isso não se deve ao fato de eles simplesmente serem. Muitos negros que vivem numa situação de extrema pobreza, são filhos de negros que também foram miseráveis. Esses por sua vez, filhos de negros que morreram na mesma situação. E a lógica segue até os seus antepassados escravos.

A escravidão de outrora, deixou muitas feridas. Mesmo depois da abolição, os negros continuaram isolados das escolas, dos empregos, da "sociedade". Realidade que se perpetuou por muito tempo e ainda vigora, apesar de ser constantemente maquiada e disfarçada por uma hipocrisia que é geral.

Atrás de desculpas, disfarces e sutilezas como o conhecido: "você não se encaixa no perfil da nossa empresa" a discriminação continua viva, é uma herança cultural. Ascender socialmente é muito mais difícil para um negro que para um branco.

A desvantagem deles além de histórica, é atual. A única solução para esse o problema é a mistura e a total integração entre as raças. Uma união que ainda não aconteceu de verdade.

Apesar de ser tachada como racista, a cota é na verdade anti-racista. Pois se ela age de forma desequilibrada, faz isso para equilibrar. É uma alternativa autêntica para a diminuição da desigualdade social. Agindo de forma direta: favorecendo as raças que foram depreciadas. Enquanto uma raça continuar sofrendo com isso, as cotas ainda terão sua função válida.




8 comentários:

  1. jé gostei desse seu primeiro post.políticas afirmativas são essenciais na luta pela igualdade. tô nessa

    vou dar uma lida por aqui, heim
    beijos!

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  2. Bom texto Héric parabéns...
    Concordo plenamente com o que você disse!!!
    É sempre válido algum tipo de política afirmativa que retire os afrodescendentes da condição de colonizados. É uma conquista a um direito civíl de uma população oprimida e jogada as margens durante 500 anos.
    Quando implantado nos EUA o sistema de "cotas raciais" acabou favorecendo a maioria negra de classe média e o mesmo vem acontecendo por aqui, pois é muito difícil para aluno que passou a vida escolar inteira sendo aprovado devido a brilhante "progressão continuada" conseguir uma vaga em uma boa universidade sem gastar uma grana em cursinhos particulares.
    para estes restou o prouni e as faculdades sedentas por grana governamental.

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  3. Mas também existem uma negaiada folgada que se faz de vítima e não progride.

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  4. aê garotooo!!Concordo plenamente com vc, o Brasil tem uma alta dívida a ser paga à quem mais ajudou no desenvolvimento econômico do país. Embora tenha se passado o tempo, ainda perpetua, e deve ser paga mesmo que seja indiretamente, aos seus descendentes.

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  5. pois bem
    eu também acho que as cotas são validas pelo contexto histórico assim como vc colocou
    antigamente eles eram margilalizados e isso tem reflexos até hoje ...
    cabe a sociedade enxergar a situação tal como é ... nessa lógica temos muitos negros e descendentes prejudicados socialmente por consequencia de passado cruel.
    não podemos ignorar...

    todo agora é racismo porra isso me revolta!

    censuraram o livro do monteiro lobado ... isso sim é racismo enxergar ele onde não tem

    heric seu animal ...
    sai da minha vida

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  6. Estudei numa faculdade com cotas raciais, a UERJ. Na faculdade de direito. Minha turma, início em 2004, foi uma das primeiras com a ação afirmativa. Quando cheguei, vi uma faculdade cheia de brancos, a maioria de classe-média e média-alta, discutindo principalmente aspectos técnicos e concentrada apenas em galgar cargos no estado ou entrar no escritórios de grife. No final do meu curso, havia muito mais negros, e muito mais gente da classe-média baixa, e mesmo das comunidades, e do subúrbio. Mudou completamente a faculdade. Novos conceitos, novos valores, novas discussões. Aprendi muito com os cotistas. Eles não tiveram nenhum problema de desempenho. Pelo contrário, levavam muito a sério, e valorizavam mais o curso que um playboy ou patricinha. Além disso, matérias mais críticas foram ganhando mais adeptos e o próprio estudo do direito se tornou mais reflexivo e questionador. Posso dizer que, certamente, quem mais ganhou com a entrada dos negros e pobres foram os brancos, que tiveram uma experiência mais rica e ampla da faculdade. E o mérito, bom, esse a gente só vai ver depois que o sujeito se forma. Minha turma se formou em 2008. Hoje, tem mais advogados, defensores, promotores e juízes com outra visão de mundo e do direito, e que estão mostrando bastante mérito na aplicação da justiça e transformação do direito. Abraço!

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  7. Eu sou a favor das cotas.

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